O Fabiano Camargo me enviou um link bem interessante, é uma post do blog A Noite Toda do Luigi Poniwass, ele conta que apesar de ser cabeça aberta, já tentou varias vezes entender o universo da música eletrônica sem sucesso, para ele esse universo ainda parece “uma língua estrangeira”.
O tema central do post foi uma critica a algumas baladas de Curitiba, onde as pessoas vão para desfilar e não para se divertir.
Resolvi publicar um texto para ajudar quem está começando na música eletrônica ou para quem quer entender mais sobre o assunto e talvez entender por que da crítica construtiva que ele fez.
História da música eletrônica:
Uma ótima fonte é a série “Pump Up the Volume” do canal Inglês BBC 4, neste documentário, através de entrevistas, músicas e vídeos fica fácil de aprender como cada um dos gêneros da música eletrônica nasceu e se desenvolveu. Um grupo de brasileiros investiu um bom tempo para legendar todos os 20 vídeos da série (10 minutos cada). Esse é o primeiro vídeo, clique duas vezes para abrir a pagina do Youtube com todos os links dos outros vídeos.
Como conhecer mais sobre cada um dos gêneros da música eletrônica?
A Wikipedia é uma ótima fonte para isso: (clique no nome do gênero para abrir o link)
–House
–Techno
–Trance
–Drum n´ Bass
Por que o Luigi fez críticas tão severas? Elas estão certas?
O Luigi em seu blog fez uma comparação entre as baladas de música eletrônica que ele visitou com baladas de sertanejo, concordo com ele que muitas vezes em uma balada de sertanejo as pessoas parecem que estão se divertindo mais, gostaria de ressaltar alguns aspectos que podem acabar causando isso.
A música eletrônica nos últimos anos passou por profundas mudanças, na Europa o minimalismo mudou completamente os padrões vigentes, antes os produtores adicionavam dezenas de camadas em suas composições, utilizando um bpm (batida por minuto) alto, com essa “nova onda”, a música eletrônica correu para o outro extremo, com poucas camadas e também com um bpm mais baixo, fora isso os timbres usados nestes últimos anos são mais introspectivos. Esse “novo” som dificilmente combina com a realidade do povo brasileiro que quer saber de músicas animadas, com muita energia e vocais. Uma boa notícia é que globalmente a música eletrônica vem deixando o minimal a procura de novas direções.
O grande erro de Djs, produtores musicais e promoters brasileiros é de ficar olhando muito para a moda lá fora, sem respeitar as nossas raízes. Em uma conversa informal com o top Dj canadense John Acquaviva ele comentou que não se conformava em ver os brasileiros tentando entender esse tipo de som que é muito específico da Europa, a expectativa dele era ver percussão e vocais latinos, ressaltei para ele que a falta de valorização das nossa cultura, já vem de longa data. Desde a época do Brasil colônia, como antes nós não tínhamos uma indústria local de qualidade só os produtos importados eram bons, um outro paralelo interessante era na época em que as mulheres da corte colocavam pesados vestidos de inverno no verão carioca, pois essa era a moda lá fora.
Provavelmente o Luigi encarou uma dessas festas com som introspectivo que não combina com o nosso DNA.
O Dj Malboro com o seu Funk Carioca, foi um dos poucos que por enquanto teve a sensibilidade de criar um novo som. Hoje ele colhe frutos excursionando pelo mundo tocando por cachês altíssimos.
Você também pode mudar o mundo, por que não criar o Mica-Trance ou o Forró-Techno?
Muito bom o material, baixei eu fiz um DVD, cabe a vocês fazeram o filme 2, a história não pode parar. Caso a idéia seja acatada eu quero créditos….hehehe!!!
Abraços
Ilan , devemos citar tbm a abrasileirada que Marky e Patife fizeram com o Drum & Bass (estilo criado no gueto londrino por inlese , jamaicanos e descendentes) onde suas producoes foram aclamadas pelos criadores do genero. E hj , existe um segmento chamado Brazilian Drum & Bass !!!
alguns comentarios:
eu acho q isso pode ser visto por outro angulo… hoje em dia o minimal saturado e muitos outros estilos estao subindo, tanto releituras qto coisas novas.. ex? dubstep, maximal, electrohop, glitchhop, nudisco, musicas com referencias etnicas, etc …
muitos desses estilos sao mais animados e estao bombando pós minimal, nem por isso o povo brasileiro se identifica mais ou menos com isso… existem muitos publicos dentro do brasil..
essas mudanças hj em dia sao globalizadas e nao adianta o cara achar q vai chegar aqui e vai encontrar um tupi-techno. ele vai encontrar isso mas muito mais coisas tambem…(vide o technobrega..) .as pessoas aqui estao ligadas no som mundial e a variedade predomina..
a onda de percurssao q o aquaviva espera encontar aqui ja rola no mundo todo, muitas bandas estao misturando sons etnicos do mundo todo hj em dia vide bandas como gang gang dance, rainbow arabia .. é apenas mais uma das novidades (ou nem e tao novo assim?)
hj em dia esse pensamento nacionalista esta meio dificil.. somos do planeta terra, e reprocessamos referencias do planeta todo..
e o proprio funk carioca de carioca so tem a letra safada cantada em portugues pois e simplesmente miami bass abrasileirado… sera q o marlboro realmente inventou algo ?
acredito q devemos buscar a nossa identidade unica, e ousar sempre, pesquisar experimentar… mas c vai ser com o som da floresta amazonica ou se vou samplear o ruido de transmissoes em hungaro.. tanto faz ne… tambem sou meio contra o lance d ficar querendo fazer tech samba tupiniquim pra gringo ver …
c vc gosta d samba beleza, mas c for so pra mostrar q vc e brasileiro fica parecendo o cinema brasileiro q so sobrevive de filme de favela..
enquanto no cinema mundial vc acha filmes que se destacam pela historia o brasil insiste em querer vender o produto tropical, se diferenciar pelas caracteristicas de um pedaço de terra ao inves de se diferenciar por uma ideia original… sempre com sitaçoes regionais.. prq nao uma historia q nem fale onde passa ? existem muitas maneiras d buscar o novo e nem sempre querer mostrar q faz um som brasileiro vai ser uma saida original ne 😉
valeu pelo espaço pra discuçao aqui ilan 😉
Oi Holocaos,
Muito interessante o seu ponto de vista, acredito que está forma proposta por você também funciona.
Acho que não precisa ser samba e afins…. por exemplo a bossa nova conseguiu evoluir este gênero. A dica acho que é não cair na mesmice!!
Fantástico o texto!!!!!
Curti muito o começo dos anos 90 e acredite, as pessoas saiam para dançar e ouvir aquela música diferente: a house !!! hahaha! Tudo era house… enfim! Ah! E xavecar as meninas também… e elas, os rapazes também…
O minimal torna o som muito introspectivo… eu baixo um monte de minimal (gosto mais dos dub techno) mas às vezes, eu mesmo me questiono: “cara, esse som é legal, mas é um som legal para ouvir sentado no meu sofá! Eu gosto de fazer isso principalmente pelas caixas de som que eu tenho muito boas… como se dança esse som nas pistas?
Essa coisa tropical talvez tenha sentido… mas o que favorece muito são as rádios e a mídia que procuram sempre tocar ou som animado ou som romântico… enfim, com apelo mais popular…
Quanto ao Brasil, parece que ainda os brasileiros dão importância ao importado ainda… não que o importado seja ruim… mas nós aqui sofremos de cultura imediata, ou seja, ao invés de irmos atrás de cultura, deixamos nos absover pelas coisas que passam na tv, no rádio ou na moda… consequentemente muitos estão numa festa pelo embalo e não pelo gosto…
O dj marlboro criou um som 15 anos atras… Muito legal parabens mas cade a evolucao da musica.. Se for ver o estilo de musica mais lucrativo e o que mais cresceu nos ultimos tempos tem muita coisa bacana. O hip hop e o estilo do seculo 21 por diversas razoes>
a* o som evolui a cada mais ou menos 5 anos tudo muda, inlcuisve os artistas mais vendidos. De samples a tecnicas de gravaçao. A ultima moda foi synth cru como nord lead, virus. Antes disso eram sons mais minimalistas com sub pesado pro baixo. Antes disso era um som mais agressivo e mais rapido com juvenille, dmx etc. Antes disso era um flow mais lento e hgangsta big, pac. Enfim e uma longa discussao. To falando dos macros , mas se entrarmos em micro estilos podese achar tendencias todo ano.
b* a musica virou cultura, se espandiu para outros generos artisticos. roupa, ilustracoes *de jean michel basquiat a ilustracao grafica digital com takashi murakami, joias, carros etc etc Virou estilo de vida. O surf nao e musica e esporte mais fez isso muito bem. O basket tamben. CADE O FUTEBOL NISSO TUDO
c* Eles incorporam outros generos com facilidade como a parceria entre akon e taylor swift que canta sertanejo. Isso pdoemos ver desde de os anos 80.
d*Todo mundo tem que te ruma indentidade. Entao a imagen do artista e super improtante e cada um cultiva isso. Seja ela colocandocamiseta ao contaria, deixando a calca cair, seja ela usando roupa justissima como kanye west ou colocando dente de ouro como o pessoal do sul dos USA.
e*Os grandes sempre fazem colaboracoes com quem ta comecando, basta eles enxergarem potencial.
f* Tem uma cultura de mixtape pelo qual os djs passam ou vendem mixtapes com o rap dos artistas novos e artistas stas importantes como versoes que nao foram lancadas. Versoes diferentes dos lancamentos. As vezes ate letra, batida e arista convidado difrente.
g*Eles tem as CREWS que sao grupos ou gravadoras. Sao varios, e eles se ajudam. Colocabaram na musica do outro, um empresta o estudio pro outro enfim. Qual agencia de dj que faz isso direito.
h*As crews sao muito unidas. Topdo mundo defende e quer ver o sucesso do outro. Ajud ao outro a crescer.
i*As gravadoras sempre estao abertas para novidades e realmente lancam novidades.
j*OS caras sempre se juntam e organizam shows, nunca eles querem estar parados.
k* ELES FOCAM SEMPRE NOS INFLUENCIADORES NOS FORMADORES DE OPNIAO.
l* Eles sampleiam musicas muito conhecidas. As vezes mudam completamente crinaod uma nova ou as vezes e so um remix. Crossover e muito bom porque quem ta entrando no movimento comeca a assimilar as coisas com facilidade.
m*cada rapper tem sua historia como se foss eum eprsonagem. Ninguem aparece sen um ´´passado´´.
o*REPUTACAO E TUDO. Quem nao tem reputacao nao faz mais sucesso. Ex. JA RULE
bom tem mais e mais, amanha p´reciso trabalhar cedo. sao 3 da manha hehe.. ai quem curte rap continua o post… abraco
Hmm, só esqueceu de falar sobre a cena do hiphop nacional, que chegou como um enlatado da sessão da tarde e não se adaptou.
Como exemplo rápido, Marcelo D2 fez algo, porém copiou muita coisa. Não estou rebaixando o trabalho, há inovação mas quem é antenado no hiphop underground (USA) sabe que nem tudo é tão novo assim.
Produzi rap por 6 anos e sempre vi grandes obstáculos para encaixar o genêro na cultura brasileira. Tentar sair do “rap malandragem´´, que é rapidamente associado a quem é envolvido, diferente dos USA, onde você é definido como músico que optou pelo rap e não um vagabundo que faz rap nas horas vagas. Lembro de algo engraçado que aconteceu certa vez, fazia já uns 6 meses um programa de rap em uma rádio comunitária. E os administradores da rádio nunca davam muita bola para mim, daí um dia levei um MC (que até se tornou meu amigo e produzi algumas faixas para ele) todo estilo rapper USA, cordão de $ e tudo, meu os caras da rádio quase que pediram para chupar ele, idolatraram o cara. É um pequeno exemplo mas dá para entender a valorização do malandro no rap nacional.
Ter realmente um retorno finaceiro então, me desculpe, mas nunca consegui. Ex: Gastar fortunas com agulhas em turntablism e não ter nenhum retorno, no máximo uma participação em alguma música. Fora muitos outros exemplos que não vivenciei, mas testemunhei, do pouquíssimo retorno finaceiro que o gênero proporciona. Então onde estava a malandragem do rap?
Não sei como anda agora, mas na minha época não foi legal em termos de grana. Em outros aspectos porém.. Foi o estilo que mais me deu base para produção musical. Usar uma atitude punk rock falando sobre problemas socias mas com um Q de James Brown, usar toda sua auto-referencia para criar e se expressar, scratches, muitas gargalhadas em freestyles e sessions no homestudio, foi bem divertido. Pena que diversão não paga as contas de casa e nem a creche do seu filho 🙂
Eric, muito bom o que você colocou, concordo com todos os itens, menos a parte do início onde você comenta sobre evolução musical.
A música não evoluiu mais desde aa décadas de 40-50 onde tínhamos de um lado o dodecafonismo (já mais difundido e estudado) e do outro a eletroacústica (que deu início ao que é a música eletrônica comercial atual).
De lá pra cá podemos dizer que a música MUDOU, mas não evoluiu. O que é mais do que natural, são apenas 50-60 anos de história. Comparado com os períodos musicais que a humanidade teve, isso é muito pouco tempo.
Eu acho que estamos caminhando para algo novo e revolucionário, mas ninguém ainda tem idéia do que poderia ser.
No meu ponto de vista, a música eletrônica ainda é muito pouco aproveitada e estudada. Acho que tem muito o que crescer.
Sobre o que você comentou do Hip-Hop, concordo com tudo e acho que todos os músicos e artistas deveriam ter essa mesma união.
Fico muito feliz, quando eu vejo que tem gente lendo e pensando a respeito de artigos que eu escrevi a quase 1 ano atras.
Quando a evolução do Funky Carioca, não acho que esse estilo tem mudado muito nos últimos anos, acho que eles são um bom exemplos de produção nacional (mas não é o meu estilo).
Muitos legal as considerações sobre o hip-hop!!!
Ilan, não sei se estou enganado, pois não se pode confiar em tudo que se lê na internet… Mas em uma de minhas garimpadas, acabei vendo um post (não lembro o site), mais nele constava que o Gui Boratto, não fazia muito sucesso aqui (Brasil), pois seu som é lento como todos sabem (mais de ótima qualidade na minha opinião)… Foi quando o dito cujo estourou, na Europa com Beautiful Life… E aí?? quando ele tocava aqui, esse som "Europeu" todos enlouqueciam, sem saber que antes esta mesma musica havia passado despercebida pelos seus ouvidos treinados…..
O que eu acho realmente, é que aqui no Brasil falta gosto próprio, todo mundo pensa no modismo, e é só o que querem, fico feliz por ser diferente e amar a musica eletrônica e muitas de suas vertentes, pois estes sons repetitivos vem embalando desde sempre a minha vida. Deixando bem claro que é porque eu gosto e não porque eu vi videos de IBIZA …hahaha;)
Há, e valeu pelos vídeos, excelentes, assim como todos os posts, obrigado… saiba que mesmo virtualmente, suas "palavras" tem me ajudado muito na minha caminhada…
abraço e parabéns.
Quando se fala que a música não tem mais pra onde correr ou pra onde evoluir, acho que é um terrível engano. Há 40 anos atrás, os Beatles estavam estourados no mundo todo e muita gente disse que a música não tinha mais como evoluir. Já lí vários artigos escritos nos anos 70 em revistas de música do meu pai que diziam a mesma cosia que falamos hoje: A música está estagnada e sem coisas inovadoras e nenhuma grande revolução em vista.
Passados 30 anos dessas matérias podemos notar o quão enganados estavam aqueles jornalistas pois crescemos e muito de 30 anos pra cá.
Não evoluimos? Dificil afirmar isso pois até o Kraftwerk no seu início utilizava um baterisa. Depois, por motivos que só eles próprios saberiam explicar ao certo, eles resolveram abandonar a bateria acústica e utilizar as mais modernas baterias eletrônicas do mercado.
Reza a lenda de que o motivo da saída do seu baterista era que ele simplesmente se recusava a tocar 4X4, como se estivesse em loop.
Os grandes estúdios dos anos 40, no auge do Jazz utilizavam apenas um único microfone no centro do palco para gravar as big bands.
Hoje temos setup de mais de 40 microfones e canais infinitos nas mesas de som. Com isso, a música evoluiu muito e ganhou muito mais qualidade.
Isso não é evolução?
Nos meados dos anos 90, surgiu uma track que tenho como o hino sagrado do House: Estou falando de House Masterboys – House Nation. Amo essa track mas hoje, quando escuto com cuidado, posso notar claramente algumas falhas no andamento e erros grotescos de edição.
Pra uma track daquela época, ela era espetacularmente boa mas pros parâmetros de hoje, ela me soa básica e amadora. Mas ainda assim eu amo essa track pelo que ela representou pra House Music na época.
Você sabe muito man, parece que tem 300 anos, tudo que vocÊ escreve ´é pra se devorar, passei minha manhã lendo seus artigos, e absorvi muito, Parabéns!!!
valeu Ronaldo!! legal que você está gostando do site, faço ele com muito carinho e dedicação!!
abs
Ilan, sobre o que disse com o Dj canadense, John Acquaviva:
É válido ressaltar que nossa tão querida bossa nova teve grande influências da música estrangeira na sua criação. Não é só o lance do velho hábito de fazer a moda europeia em terras tupiniquins.
Da Wikipedia sobre origens da bossa nova:
“Alguns críticos musicais destacam a grande influência que a cultura americana do Pós-Guerra, de músicos como Stan Kenton, combinada ao impressionismo erudito, de Debussy e Ravel, teve na bossa nova, especialmente do cool jazz e bebop´´
Acho válido usar elementos na produção o qual você se identifica. Sejam eles nacionais ou internacionais. Por que a ginga já temos de berço com as raizes afro. Com o passar do tempo na produção sempre evidenciamos isso.
Mas o tema “ e aí? Vamos partir para o Techno-MPB´´ ou “Essa track vai puxar 100% um minimalismo europeu´´ haha…sempre me põe em profundo questionamento.